segunda-feira, 12 de março de 2012

Rir é o melhor negócio para as emissoras

Programas de humor viram aliados fiéis na luta pela audiência e no faturamento das que disputam 2ª lugar

A recente mudança do “Pânico na TV” para a Band, anunciada no início do mês, reforça uma tendência que parece ditar o vaivém do mercado televisivo nos últimos anos: nunca na história da TV brasileira os programas de humor serviram às emissoras como as principais armas na luta pela audiência.

Com o “Pânico” e “CQC”, RedeTV! e Band, respectivamente, disputaram o segundo lugar na medição do Ibope nos dias de suas exibições, durante todo o ano de 2011. “Este é um movimento irreversível. Esses programas falam a uma audiência jovem, que procura algo que a emissora líder não oferece. Nós podemos apostar em nichos de público”, avalia Fernando Sugueno, diretor de programação da Band.

Hoje, a emissora do Morumbi tem a grade de programação que, proporcionalmente, mais cede espaço para produções de humor. Além do “CQC”, que estreou na emissora em 2008, e o talk show “Agora É Tarde”, de Danilo Gentili, o canal tem duas atrações novas do gênero: o “Pânico na Band”, com previsão de estreia para abril, e “Faz-me Rir”, um reality show para descoberta de novos comediantes. “É uma maneira de fazer TV que eu acredito que dê certo. O brasileiro gosta de se divertir”, analisa o argentino Diego Guebel, diretor artístico da Band, e fundador da Cuatro Cabezas, produtora que desenvolveu e trouxe o “CQC” para o país. Desde 2008, o humorístico é o líder de audiência e de faturamento da casa. O recém-contratado “Pânico” também liderava nos dois quesitos na RedeTV!.

“Quando fomos para a TV, havia uma crença de que programa de humor não vendia”, lembra Emilio Surita, líder da trupe, que completaria nove anos na emissora. “Provamos que era bobagem. Programa que dá audiência vende. Tínhamos filas de anunciantes.”

Contra-ataque/ Em 2011, “Pânico” e “CQC” marcaram, respectivamente, 8 e 5,5 pontos de média. É pouco se comparado ao “Zorra Total”, da TV Globo, que consegue 23 pontos e é o humorístico de maior audiência no país, mas soa emblemático se levar em conta como os dois produtos reverberam em outras plataformas. No Twitter, rede social que também serve de termômetro de popularidade, os programas sempre emplacam entre os assuntos mais comentados. “Atingimos um público mais informado, antenado”, palpita Marcelo Tas, do “CQC”.

Quem está à frente na briga pelo Ibope minimiza o impacto do “efeito-Pânico”. “São propostas diferentes. Eles falam a públicos mais segmentados enquanto nós pensamos em programas voltados para toda a família e todas as classes sociais”, argumenta Manoel Martins, diretor artístico da Globo. A justificativa também ajuda a explicar porque a emissora ainda aposta em humorísticos considerados mais conservadores. “Os números do Ibope comprovam que há uma demanda.”

“O arroz com feijão também tem seu público cativo”, corrobora Carlos Alberto de Nóbrega, do “A Praça é Nossa” (SBT). Há mais de 30 anos no ar, o humorístico manteve a média de 8,5 no Ibope no ano passado, superando em meio ponto a audiência do “Pânico na TV”. “Eles dão mais cartaz porque fazem um humor mais jovem, irreverente. Mas você tem de fazer bem aquilo que se propõe a fazer.”

Hélio de La Peña, do “Casseta & Planeta”, da Globo, também não aparenta preocupação com o “avanço” da concorrência. O grupo, que se afastou por um ano para reformular a atração, volta ao ar em abril às sextas-feiras, após o “Globo Repórter”. “Eles fazem aquilo que a gente fazia lá no começo”, esnoba. “Agora a gente volta e eles tornarão a nos copiar.”

RedeTV! aposta em ‘Saturday Night Live’
Sem o “Pânico na TV”, a RedeTV! aposta na primeira versão brasileira do “Saturday Night Live”, programa de humor que é referência no mundo, para ocupar as noites de domingo. Rafinha Bastos, ex-CQC, vai coproduzir e atuar na atração, que deve estrear em abril.

‘Legendários’ lidera entre os ‘modernos’
Surgido em 2010 como uma resposta da Record ao “Pânico” e ao “CQC”, o “Legendários” já é a maior audiência entre os humorísticos que falam a uma audiência mais jovem. Foram 9 pontos de média em 2011. Marcos Mion, atribui o sucesso a proposta de falar a um público amplo: “Foi um passo que dei em direção a um humor e a uma linguagem universal, mais madura e popular”.

Afastado da TV, Anysio tem salário ‘raro’
O maior humorista vivo do país, Chico Anysio é um dos raros casos de comediantes no país com salário acima dos seis dígitos – bem acima da média que os comediantes do “Zorra Total” recebem. “Não que o humor não seja valorizado na emissora hoje, mas meu pai sempre ganhou mais que o Antonio Fagundes”, afirma Bruno Mazzeo.

Na MTV, Adnet rejeita novas propostas
Apontado como o melhor comediante de sua geração, Marcelo Adnet, atual MTV, voltou a negar convite para sair da emissora. RedeTV! ofereceu um programa para ele e a mulher, Dani Calabresa.

Fonte: Diário de São Paulo

Nenhum comentário: