domingo, 10 de julho de 2011

Alê Rocha: “Agora é Tarde” é boa opção para o fim de noite


Leia a seguir a coluna do crítico de TV Alê Rocha, que fala sobre o "Agora é Tarde":

O repórter inexperiente acabou se transformando em um bom entrevistador. Danilo Gentili merece um voto de confiança. Apesar do desgaste do “CQC” e dos comentários muitas vezes de gosto duvidoso no Twitter, vale a pena dar uma chance para o “Agora é Tarde”, programa de entrevistas comandado pelo humorista na Band.

Inicialmente, torci o nariz para a idéia de um talk show apresentado por um comediante do “CQC”. Logo veio à cabeça “O Formigueiro”, a extinta atração comandada por Marco Luque que era um erro do começo ao fim. Por isso, controlei o instinto natural e evitei comentar o “Agora é Tarde” logo na semana de estréia. Confesso que assisti aos primeiros programas a contragosto.

Contudo, ao contrário de Marco Luque, Danilo Gentili não tenta reinventar a roda. Deixa clara a influência dos talk shows norte-americanos. Foi acertada a decisão de beber na fonte. O gênero é um dos protagonistas da programação nos Estados Unidos. As atrações estão espalhadas ao longo do dia. Pela manhã, tarde ou noite é possível sintonizar em algum programa de entrevistas ou debate.

Até agora, é possível notar que as grandes referências de Danilo Gentili são os apresentadores Chelsea Handler (“Chelsea Lately”, exibido pelo canal pago E!), Stephen Colbert, Jimmy Fallon e Jimmy Kimmel. Assim como os norte-americanos, o brasileiro conduz entrevistas rápidas e objetivas. Danilo Gentili surpreende com um bom timing. Conduz o bate-papo de forma leve, deixando espaço para piadas, porém sabe ser incisivo quando necessário. Em nenhum momento ele deixa de lado seu estilo debochado. Contudo, esquece a agressividade do “CQC” e propicia um ambiente agradável.

Danilo Gentili sabe até rir de si mesmo. Durante entrevista com Marta Suplicy, perguntou se a senadora tinha assistido a entrevista de sua ex-colega de “TV Mulher” (Globo), Marília Gabriela, ocorrida na semana de estréia do programa. Diante da negativa, foi ágil na resposta: “ninguém assiste essa merda”.

Por enquanto, o telespectador não parece mesmo interessado na nova empreitada do humorista. A audiência permanece na casa dos cinco pontos, a mesma registrada antes da estréia. O mercado também parece aguardar o que vem por aí. Até agora, nenhuma cota de patrocínio do “Agora é Tarde” foi vendida.

É questão de tempo para que este quadro mude. Basta que ninguém se afobe. Há uma clara evolução a cada programa. Assim como Rafinha Bastos parece mais à vontade em “A Liga” do que no “CQC”, Danilo Gentili está seguro no comando do “Agora é Tarde”. Certamente ciente da queda de popularidade da atração que o revelou e escaldado pelas polêmicas recentes no Twitter, chegou de mansinho, sem achar que é o rei da cocada preta, principal erro de Marco Luque no comando de “O Formigueiro”.

Alguns ajustes são necessários. Léo Lins ainda parece deslocado no elenco de apoio, ao contrário de Marcelo Mansfield e Murilo Couto, excelentes nas rápidas intervenções. Os editores dos quadros pré-gravados também podem se esforçar um pouco mais e ir além do estilo “CQC”, adotando uma linguagem própria. Com boas imagens e texto, não há necessidade de gags ilustrativas para tornar as situações mais engraçadas ou inteligíveis.

Bem intencionado e no caminho certo, “Agora é Tarde” é opção recomendável para o fim de noite na televisão aberta brasileira.

Fonte: Yahoo!

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