O “CQC” da última segunda-feira exibiu um quadro que não só chocou a todos como suscitou as mais variadas discussões. Nele, o deputado Jair Bolsonaro respondia a perguntas feitas por anônimos e famosos. Depois de afirmar que tem saudades da ditadura e de que jamais correria o risco de ter um filho homossexual, o político foi questionado pela cantora Preta Gil sobre como reagiria caso seu filho namorasse uma negra. A resposta, para surpresa geral, foi que ele não corria esse risco, já que seus filhos não foram criados num ambiente de promiscuidade como ela. Sim, leitor. Não só ele ofendeu a Preta e sua família, como deixou clara a reprovação à possibilidade de ter uma nora negra.
Quero crer que Jair entendeu mal a pergunta, porque, em pleno século 21, parece impossível ouvir esse tipo de declaração. Torna-se muito difícil, no entanto, dado o comportamento prévio do deputado, acreditar nesta possibilidade. Forte opositor da união civil homossexual no congresso, ele já chegou a declarar que os filhos tornam-se homossexuais por “falta de porrada”. Já o fez em meios impressos e também na TV. Exemplo recente é uma edição de “Casos de Família”, comandado por Christina Rocha no SBT.
Pergunto-me aqui o quanto é saudável e de fato necessário levar ao ar uma figura que destila frases que, sim, podem render alguns pontos de audiência, mas são um grande retrocesso. Será que pelo choque – se é que todos se chocam – o preconceito será combatido? Tenho minhas dúvidas. Especialmente porque quem certamente saiu magoada deste episódio foi Preta Gil. Mulher independente, bem resolvida, com sólida carreira profissional, ela não precisava passar por isso. Justamente ela, que já foi vítima de preconceitos estúpidos por estar acima do peso – para os padrões de capa de revista – ou ser filha de quem é. Me solidarizo a Preta. E torço para que este episódio não ganhe proporções maiores do que merece em seu cotidiano. Ele é tão absurdo que não merece destaque. Merece, sim, ser discutido pela sociedade para que pensemos quem elegemos para cargos públicos.
Ao “CQC”, proponho uma reflexão. O programa é mesmo uma lufada de ar fresco no humor brasileiro. Mas até que ponto explorar esse tipo de situação pode de fato despertar uma reflexão mais apurada? Esta questão vale tanto para a presença de um convidado de opinião dispensável como este nobre deputado, como para o quadro em que diferenças entre regiões do país são realçadas. Na semana passada, Danilo Gentili interpretou um pai que humilhava uma criança por ser gay. Ficção, claro. Mas das que doem, incomodam. Até que ponto o choque é preciso? E até que ponto figuras como estas não acabam por reforçar estereótipos uma vez que viraram atração de programas de TV? Vale a pena pensar.
Aos que não assistiram ao quadro, choquem-se:
Fonte: Fernando Oliveira/iG
Vídeo: ProgramaCQC - YouTube
Mundo CQC: É difícil acreditar que, em pleno Século XXI, ainda existem indivíduos como esse ilustre deputado. É uma pena. Logo, logo essas pessoas terão que reconhecer que a Ditadura foi um mal para o Brasil e que os Gays estão muito mais perto do que se imagina. Aliás, defendem uma tese que todo homofóbico é inrustido... alguns estão começando a concordar com isso!!!
Enquanto ao CQC: tenho a mais absoluta certeza do papel do programa: mostrar a REAL situação do nosso país em relação ao preconceito!!! Um Brasil livre, só na novela das nove da Globo; porque a realidade é mais dura do que a gente pode imaginar. Bolsonaro, faça um favor para o Brasil: SE APOSENTE, OK? Tamo junto, Preta!!!
2 comentários:
Alguns pontos que ele defene são radicais. Mas ele é um dos poucos que não são hipócritas. Ele defende o que pensa e não está tão errado. Quando vcs criticam a ditadura, criticam de forma unilateral, e nada tem somente uma visão. Acredito que tenham faltado a aula de história para contar piada. Sem o golpe de 64 o futuro do Brasil seria incerto, com a ameaça comunista. E a bomba atômica é sim uma arma de dissuasão que iremos necessitar.
Espero que meu comentário anterior não seja censurado!!! Seria cômico. Visto que defendem a liberdade.
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