Danilo Gentili vem apanhando semanalmente em rede nacional. Mas diz que vai seguir em frente.
Depois de ler repetidas redações do garoto com críticas ao sistema de avaliação da escola, em que "um aluno criativo o suficiente pra bolar um método de cola diferente tira zero, mas quem decora a matéria tira dez", a professora decidiu chamar a mãe do menino para uma conversa: "Não sei se seu filho é um poeta ou um canalha". Ela não imaginava, mas anunciava ali a ambiguidade que marcaria a vida de Danilo Gentili, hoje com 30 anos. O moleque contestador de voz suave transformado num repórter enorme que apanha publicamente. O comediante que foi fazer graça depois de perder pai e irmã em menos de um ano. A celebridade nacional que nasceu e cresceu num cortiço de Santo André.
A cara lavada, quase fria, com que ele coloca autoridades na parede nos quadros do CQC (Custe o que Custar, programa da TV Bandeirantes) desperta a ira de quem está sendo pressionado e a admiração de quem está sendo defendido. Nas últimas três semanas, Danilo e sua equipe sofreram três agressões. O ABC paulista não tem sido especialmente gentil com ele. Um dos episódios foi em São Bernardo do Campo, outro, em sua cidade natal. A primeira agressão foi cortesia da Guarda Municipal de São Bernardo, que não se preocupou em esconder das câmeras os safanões no repórter depois das denúncias do quadro Proteste Já!, sobre uma escola que corre risco de soterramento.
Nessa semana, os afagos vieram de militantes do PT, em Santo André, em evento da candidata Dilma Rousseff, que se viu compelida a defender o rapaz no microfone. Ela estava acompanhada de Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo que o enfrentou depois da agressão de seus guardas, e de Marta Suplicy, cujos seguranças também já deram uns petelecos em Danilo. "Marinho e Marta falavam pra Dilma: ‘continua, continua’. Temos isso gravado, tomara que vá ao ar", diz Danilo. Entre um episódio e outro, o chefe de gabinete e ex-prefeito de Analândia, a 236 quilômetros de São Paulo, também mostrou ao comediante/repórter as consequências de perguntas indesejadas e gracejos poéticos ou canalhas. "É uma covardia, porque essas pessoas não batem na minha cara e ficam para brigar. Elas dão chutes e socos discretos, ficam provocando", relata.
Drama distorcido. No meio de toda essa hostilidade, Danilo visitou na quinta-feira a casinha de quarto e sala onde nasceu, na periferia de Santo André, e se pegou de olhos regados pelas memórias de tempos felizes, tempos difíceis e de porradas mais simbólicas que tomou por ali. "Foi meu pai que ergueu essa antena. E colocou esse poste de varal", suspirava. Há 12 anos, Danilo pai morria de enfarte, em plena Copa do Mundo, depois de dez anos desempregado de um emprego que nem existe mais, o de técnico de máquina de escrever. Danilo filho, ou Juninho, como é carinhosamente tratado pelas vizinhas de cortiço, tinha 18 anos quando a irmã, Karina, de 24, morreu em um acidente de carro, apenas oito meses depois da morte do pai. Sua mãe, Guiomar, também sofreu um acidente automobilístico quando buscava uma doação para o orfanato onde trabalhava; perdeu um dedo da mão e foi aposentada por invalidez.
O carro de Danilo foi roubado e ele ficou sem a namorada. Tudo isso num período de dois anos. Naquela época, o jovem tentava incrementar a baixíssima renda familiar com trabalhos diversos. Ajudava no estoque do shopping Metrópole, em São Bernardo do Campo; entregava amostras grátis de remédios em consultórios médicos (e odiava passar na frente dos doentes para isso); foi auxiliar administrativo da prefeitura de Santo André na gestão do petista Celso Daniel (assassinado em 2002), tendo sido convocado até para ajudar os garis em enchentes na cidade. Arriscou uma carreira de pastor da Igreja Batista, mas não se conteve e, como nas redações escolares, criticava o dízimo em suas pregações, sendo expulso dos cultos. Sonhava em ser cineasta, mas não podia pagar o curso. Acabou fazendo Comunicação Social na UniABC, faculdade que maldiz. "Me identifico com o ABC. É um berço de proletariado, de empregados. Não sou anarquista, mas me identifico com a anarquia do ABC."
Com tudo dando errado, decidiu esquecer "aquela vidinha de arrumar um empreguinho e dali a 40 anos, se tivesse muita sorte e não ficasse doente, quem sabe comprar uma casa própria" para que foi criado. Tentou a sorte na comédia. "A base da comédia é o drama. É o drama distorcido", justifica a escolha inusitada, antes de desembestar num discurso incompatível com o tom sensível de sua voz. "Eu não tenho nada a perder. O comediante autêntico tem que ter uma visão de mundo e hoje a minha é a seguinte: sou totalmente descrente da humanidade. Não acredito na sinceridade das pessoas, não acredito que as coisas funcionem. Mas isso vem de antes de meu pai e minha irmã morrerem. Eu era pior. Quando você toma porrada, fica mais maleável." Nascia ali o comediante sem nada a perder, que fala o que quer e ouve o que não quer, descrente e cínico. O sarcasmo descomprometido está presente também nos quadrinhos que rabisca, mas não publica - o personagem Wilbor, por exemplo, seria um "alter ego da época em que eu só me dava mal".
A cultura de "stand-up comedy" estava chegando ao Brasil e, sem saber, Danilo era fã de alguns de seus expoentes americanos, como Jerry Lewis e Eddie Murphy, estrelas das sessões da tarde de sua infância. Enviou textos para a trupe do Clube da Comédia, recém-criado por Marcelo Mansfield, Rafinha Bastos, Marcela Leal, Oscar Filho e Márcio Ribeiro. Foi aceito e começou a fazer shows em bares e casas de teatro. Antes de ser chamado para o CQC, já lotava plateias, como faz toda sexta-feira, em São Paulo, com seu espetáculo solo. "Hoje, vivo confortavelmente com o que ganho como comediante e na TV." Ajudou a quitar uma casa de dois dormitórios para a mãe, em Santo André, comprou um apartamento na Bela Vista e um carro para cada um. Mas não é de ostentar. Está sempre de calça jeans e, seguindo sua filosofia de preto-no-branco, só usa camisetas dessas cores. "Odeio estampa." Ele se prepara agora para abrir, com Rafinha Bastos, um bar em São Paulo para revelar novos talentos da comédia.
Surra no Ibope. Pelo CQC, veste o mal cortado terno preto e os óculos escuros que uniformizam os rapazes e a garota do time. É bem tratado por alguns políticos, como Aloizio Mercadante, Flávio Dino e Paulo Maluf, apesar de o doutor já ter processado o programa. Não foi o único, provavelmente não será o último. Marta Suplicy também abriu processo, que também foi encerrado. Luiz Marinho cogita processar Danilo por desacato a autoridade. José Sarney não recorreu à Justiça, mas seus seguranças jogaram Danilo no chão do Congresso na época do escândalo dos atos secretos. Aliás, o Congresso estuda a possibilidade de proibir o trabalho do CQC em seus corredores. Aos que argumentam que esse tipo de humor-verdade-camicase ridiculariza os políticos e as instituições, Danilo responde: "Não é a mídia que ridiculariza os políticos, é o que eles mesmos fazem. A gente só expõe".
O "patrão" Marcelo Tas, que com seu repórter Ernesto Varela inaugurou as entrevistas constrangedoras e certeiras na TV brasileira, defende os pupilos. "Eu, que tenho alguns anos de estrada e cobertura de eleições nas costas, constato com tristeza que a redemocratização brasileira, além de eleições livres, trouxe também novas ferramentas de censura", declarou por e-mail. "Dentro da equipe, temos discussões sobre a ética da nossa conduta. Quando avaliamos qualquer fuga de rota, reconhecemos o erro e mudamos imediatamente de rumo." Nessas avaliações, Tas já recomendou a seus repórteres que maneirassem nos palavrões, já que tantas crianças e famílias assistem ao programa. E foi só. A Bandeirantes oferece assessoria jurídica ao programa e os patrocinadores parecem entender seu caráter ousado.
Danilo acredita que esse tipo de inquisição política que o CQC promove ajuda na formação desses jovens brasileiros que se divertem diante da TV. "O que o CQC faz é muito resumido. É óbvio que não tem a profundidade de uma matéria de jornal, de uma revista semanal. Mas o valor do CQC é despertar o interesse, para o espectador ir se aprofundar mais." Danilo diz que vai anular seu voto nas eleições de outubro. Admite ser convencido do contrário caso algum dos presidenciáveis que ele segue se mostre confiável.
Apanhar com tanta frequência - e os episódios devem aumentar com a proximidade das eleições, acredita Danilo - tem ajudado a turbinar o ibope da atração, que bateu recorde de audiência desde a estreia, em 2008, na última segunda-feira, com pico de 10,5 pontos. Mas ele garante que não entra nas pautas pensando em quem provocar para tomar o próximo chega-pra-lá. "Para a minha imagem, também é um risco. É muito fina a linha em que eu caminho. Pode acontecer de eu chegar num cara e ele me desmontar, ou eu entrar numa briga e perder a cabeça." No episódio de São Bernardo, ele quase perdeu. Nos outros dois, ficou quieto, esperou a situação se acalmar. Enquanto não toma a porrada definitiva, continua de microfone na mão, correndo atrás de confusão. A qualquer custo.
Fonte: Flávia Tavares - O Estado de S. Paulo
Depois de ler repetidas redações do garoto com críticas ao sistema de avaliação da escola, em que "um aluno criativo o suficiente pra bolar um método de cola diferente tira zero, mas quem decora a matéria tira dez", a professora decidiu chamar a mãe do menino para uma conversa: "Não sei se seu filho é um poeta ou um canalha". Ela não imaginava, mas anunciava ali a ambiguidade que marcaria a vida de Danilo Gentili, hoje com 30 anos. O moleque contestador de voz suave transformado num repórter enorme que apanha publicamente. O comediante que foi fazer graça depois de perder pai e irmã em menos de um ano. A celebridade nacional que nasceu e cresceu num cortiço de Santo André.
A cara lavada, quase fria, com que ele coloca autoridades na parede nos quadros do CQC (Custe o que Custar, programa da TV Bandeirantes) desperta a ira de quem está sendo pressionado e a admiração de quem está sendo defendido. Nas últimas três semanas, Danilo e sua equipe sofreram três agressões. O ABC paulista não tem sido especialmente gentil com ele. Um dos episódios foi em São Bernardo do Campo, outro, em sua cidade natal. A primeira agressão foi cortesia da Guarda Municipal de São Bernardo, que não se preocupou em esconder das câmeras os safanões no repórter depois das denúncias do quadro Proteste Já!, sobre uma escola que corre risco de soterramento.
Nessa semana, os afagos vieram de militantes do PT, em Santo André, em evento da candidata Dilma Rousseff, que se viu compelida a defender o rapaz no microfone. Ela estava acompanhada de Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo que o enfrentou depois da agressão de seus guardas, e de Marta Suplicy, cujos seguranças também já deram uns petelecos em Danilo. "Marinho e Marta falavam pra Dilma: ‘continua, continua’. Temos isso gravado, tomara que vá ao ar", diz Danilo. Entre um episódio e outro, o chefe de gabinete e ex-prefeito de Analândia, a 236 quilômetros de São Paulo, também mostrou ao comediante/repórter as consequências de perguntas indesejadas e gracejos poéticos ou canalhas. "É uma covardia, porque essas pessoas não batem na minha cara e ficam para brigar. Elas dão chutes e socos discretos, ficam provocando", relata.
Drama distorcido. No meio de toda essa hostilidade, Danilo visitou na quinta-feira a casinha de quarto e sala onde nasceu, na periferia de Santo André, e se pegou de olhos regados pelas memórias de tempos felizes, tempos difíceis e de porradas mais simbólicas que tomou por ali. "Foi meu pai que ergueu essa antena. E colocou esse poste de varal", suspirava. Há 12 anos, Danilo pai morria de enfarte, em plena Copa do Mundo, depois de dez anos desempregado de um emprego que nem existe mais, o de técnico de máquina de escrever. Danilo filho, ou Juninho, como é carinhosamente tratado pelas vizinhas de cortiço, tinha 18 anos quando a irmã, Karina, de 24, morreu em um acidente de carro, apenas oito meses depois da morte do pai. Sua mãe, Guiomar, também sofreu um acidente automobilístico quando buscava uma doação para o orfanato onde trabalhava; perdeu um dedo da mão e foi aposentada por invalidez.
O carro de Danilo foi roubado e ele ficou sem a namorada. Tudo isso num período de dois anos. Naquela época, o jovem tentava incrementar a baixíssima renda familiar com trabalhos diversos. Ajudava no estoque do shopping Metrópole, em São Bernardo do Campo; entregava amostras grátis de remédios em consultórios médicos (e odiava passar na frente dos doentes para isso); foi auxiliar administrativo da prefeitura de Santo André na gestão do petista Celso Daniel (assassinado em 2002), tendo sido convocado até para ajudar os garis em enchentes na cidade. Arriscou uma carreira de pastor da Igreja Batista, mas não se conteve e, como nas redações escolares, criticava o dízimo em suas pregações, sendo expulso dos cultos. Sonhava em ser cineasta, mas não podia pagar o curso. Acabou fazendo Comunicação Social na UniABC, faculdade que maldiz. "Me identifico com o ABC. É um berço de proletariado, de empregados. Não sou anarquista, mas me identifico com a anarquia do ABC."
Com tudo dando errado, decidiu esquecer "aquela vidinha de arrumar um empreguinho e dali a 40 anos, se tivesse muita sorte e não ficasse doente, quem sabe comprar uma casa própria" para que foi criado. Tentou a sorte na comédia. "A base da comédia é o drama. É o drama distorcido", justifica a escolha inusitada, antes de desembestar num discurso incompatível com o tom sensível de sua voz. "Eu não tenho nada a perder. O comediante autêntico tem que ter uma visão de mundo e hoje a minha é a seguinte: sou totalmente descrente da humanidade. Não acredito na sinceridade das pessoas, não acredito que as coisas funcionem. Mas isso vem de antes de meu pai e minha irmã morrerem. Eu era pior. Quando você toma porrada, fica mais maleável." Nascia ali o comediante sem nada a perder, que fala o que quer e ouve o que não quer, descrente e cínico. O sarcasmo descomprometido está presente também nos quadrinhos que rabisca, mas não publica - o personagem Wilbor, por exemplo, seria um "alter ego da época em que eu só me dava mal".
A cultura de "stand-up comedy" estava chegando ao Brasil e, sem saber, Danilo era fã de alguns de seus expoentes americanos, como Jerry Lewis e Eddie Murphy, estrelas das sessões da tarde de sua infância. Enviou textos para a trupe do Clube da Comédia, recém-criado por Marcelo Mansfield, Rafinha Bastos, Marcela Leal, Oscar Filho e Márcio Ribeiro. Foi aceito e começou a fazer shows em bares e casas de teatro. Antes de ser chamado para o CQC, já lotava plateias, como faz toda sexta-feira, em São Paulo, com seu espetáculo solo. "Hoje, vivo confortavelmente com o que ganho como comediante e na TV." Ajudou a quitar uma casa de dois dormitórios para a mãe, em Santo André, comprou um apartamento na Bela Vista e um carro para cada um. Mas não é de ostentar. Está sempre de calça jeans e, seguindo sua filosofia de preto-no-branco, só usa camisetas dessas cores. "Odeio estampa." Ele se prepara agora para abrir, com Rafinha Bastos, um bar em São Paulo para revelar novos talentos da comédia.
Surra no Ibope. Pelo CQC, veste o mal cortado terno preto e os óculos escuros que uniformizam os rapazes e a garota do time. É bem tratado por alguns políticos, como Aloizio Mercadante, Flávio Dino e Paulo Maluf, apesar de o doutor já ter processado o programa. Não foi o único, provavelmente não será o último. Marta Suplicy também abriu processo, que também foi encerrado. Luiz Marinho cogita processar Danilo por desacato a autoridade. José Sarney não recorreu à Justiça, mas seus seguranças jogaram Danilo no chão do Congresso na época do escândalo dos atos secretos. Aliás, o Congresso estuda a possibilidade de proibir o trabalho do CQC em seus corredores. Aos que argumentam que esse tipo de humor-verdade-camicase ridiculariza os políticos e as instituições, Danilo responde: "Não é a mídia que ridiculariza os políticos, é o que eles mesmos fazem. A gente só expõe".
O "patrão" Marcelo Tas, que com seu repórter Ernesto Varela inaugurou as entrevistas constrangedoras e certeiras na TV brasileira, defende os pupilos. "Eu, que tenho alguns anos de estrada e cobertura de eleições nas costas, constato com tristeza que a redemocratização brasileira, além de eleições livres, trouxe também novas ferramentas de censura", declarou por e-mail. "Dentro da equipe, temos discussões sobre a ética da nossa conduta. Quando avaliamos qualquer fuga de rota, reconhecemos o erro e mudamos imediatamente de rumo." Nessas avaliações, Tas já recomendou a seus repórteres que maneirassem nos palavrões, já que tantas crianças e famílias assistem ao programa. E foi só. A Bandeirantes oferece assessoria jurídica ao programa e os patrocinadores parecem entender seu caráter ousado.
Danilo acredita que esse tipo de inquisição política que o CQC promove ajuda na formação desses jovens brasileiros que se divertem diante da TV. "O que o CQC faz é muito resumido. É óbvio que não tem a profundidade de uma matéria de jornal, de uma revista semanal. Mas o valor do CQC é despertar o interesse, para o espectador ir se aprofundar mais." Danilo diz que vai anular seu voto nas eleições de outubro. Admite ser convencido do contrário caso algum dos presidenciáveis que ele segue se mostre confiável.
Apanhar com tanta frequência - e os episódios devem aumentar com a proximidade das eleições, acredita Danilo - tem ajudado a turbinar o ibope da atração, que bateu recorde de audiência desde a estreia, em 2008, na última segunda-feira, com pico de 10,5 pontos. Mas ele garante que não entra nas pautas pensando em quem provocar para tomar o próximo chega-pra-lá. "Para a minha imagem, também é um risco. É muito fina a linha em que eu caminho. Pode acontecer de eu chegar num cara e ele me desmontar, ou eu entrar numa briga e perder a cabeça." No episódio de São Bernardo, ele quase perdeu. Nos outros dois, ficou quieto, esperou a situação se acalmar. Enquanto não toma a porrada definitiva, continua de microfone na mão, correndo atrás de confusão. A qualquer custo.
Fonte: Flávia Tavares - O Estado de S. Paulo
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