segunda-feira, 5 de abril de 2010

É possível fazer política com bom-humor

Felipe Andreoli, do CQC, fala sobre política e o futuro do Brasil

O Felipe Andreoli, do CQC, que todos conhecem é um figura, um rapaz super simpático. Sim, de fato ele é uma peça, mas por trás de toda a sua graça existe um repórter de peso, que mostra a cada dia que dá conta da sua herança, uma vez que vem de uma família de jornalistas. As qualidades de Andreoli são inúmeras e, apesar de se auto-proclamar uma pessoa tímida, dá um baile em seus entrevistados, e no meio de tantas piadinhas, as grandes sacadas ficam subentendidas. Felipe é o cara que não coloca suas preferências políticas na mesa, pois tem uma imagem a zelar ? assim como vive dizendo por aí que torce para a Lusa, sendo que é um dos maiores corinthianos que o Brasil já viu. No entanto, afirma que "adoraria tomar uma breja com o presidente Lula e que não se imagina fazendo isso com o Serra".

Dando continuidade a nossa série de entrevistas sobre política, Felipe Andreoli, o comediante com jeito de moleque, que sempre escolheu candidatos pelas pessoas que são, independentemente de seus partidos, nos conta o que pensa, sem medo de sujar sua imagem.

Por que você escolheu o jornalismo?

Na verdade, resolvi ser jornalista porque estava no sangue. Meu pai é jornalista e como ele e minha mãe são separados, me acostumei com o plantão, momento em que conseguia passar mais tempo com meu pai. Cresci conhecendo a redação e nunca pensei em fazer outra coisa, nunca tive outra vontade.

Para quem só te conheceu no CQC da Band, conte um pouco mais de sua trajetória.

Saindo da faculdade de jornalismo, fui trabalhar na Record, na área da igreja. Depois fiquei um bom tempo cobrindo esporte para a TV Gospel e enfim, fui para a TV Cultura, uma casa que tem um lado político muito forte, onde eu aprendi bastante coisa.

Falando um pouco de política, em quem você votou nas últimas eleições?

Prefiro não falar em quem votei. Sempre escolhi meus candidatos pelas pessoas que são, nunca pelo partido. Nunca votei em um partido, ainda sou alguém que prefere acreditar nas pessoas. Mas acho que, inicialmente, como jornalista, você acaba tendo uma preferência pela esquerda. Mas hoje em dia está tudo misturado, todo mundo é centro e isso é péssimo. Temos corrupção por todos os lados e ?os malvados? também estão por todos os lados.

E qual a sua avaliação do governo Lula?

É difícil negar a importância do governo Lula. Eu não sou dos maiores entusiastas do Bolsa-Família, é puro assistencialismo, mas o lado social é inegável. Foram oito anos e o grande medo que todo mundo tinha era que Lula, um operário, uma pessoa simples, afundasse o barco, depois do governo de FHC, um cara estudado. Mas ele se saiu bem, nenhum presidente é perfeito. E outra coisa: Lula como pessoa tem uma história incrível.

E quais as suas perspectivas para o próximo governo?

Nos acostumamos com o Lula nos últimos oito anos e é engraçado, pois parece que vai ser pra sempre. Com certeza a disputa ficará entre Dilma e Serra, ou seja, o Brasil continuará sob o monopólio PSDB/PT. Na minha opinião, quem assumir terá tudo para fazer um bom governo. Serra é um cara experiente, governo de São Paulo nas costas, tem bagagem. Dilma nunca teve um cargo além de Ministério que dirigiu, ela apareceu só agora no governo Lula. Ao mesmo tempo, são dois personagens totalmente sem carisma, ao contrário de Lula. Acho que a disputa vai ser bem difícil e acirrada.

E quanto a cena política engessada, como mudar isso? Você consegue vizualizar pessoas mais jovens no poder?

Os oligarcas do atraso, é isso que temos. Sarney que é político maranhense, agora é senador pelo Amapá, vai entender...O grande problema é a falta de renovação. Votar em São Paulo é uma coisa, a informação é mais acessível, quando você vai para o Norte, Nordeste do país, a cena é outra, falta informação. Eu não vejo uma mudança, vamos ter que esperar esses caras morrerem (risos). Não vejo esse cenário mudando a curto prazo. Uma opção seria o voto facultativo, acho que se você desobriga as pessoas que não estão interessadas a votar, a coisa pode caminhar de outra forma.

E o Felipe como político, você já pensou nisso?

Tenho muita vontade de ajudar as pessoas, mas acho que a política não seria o caminho, abrir concessões, deixar valores de lado, não é comigo. Acho que seria um idealista frustrado. Quem sabe se eu não tiver um trabalho depois do CQC...posso pensar em me candidatar (risos).

Qual sua opinião sobre o Movimento Estudantil?

Acho insignificante, falido. A política estudantil já vem errada do comecinho, conchavos e esquemas. Quem entra na política hoje em dia, entra para defender interesses próprios. E os jovens estão interessados em assuntos irrelevantes ? e eu não me excluo disso. Por que ninguém twitta depois do Jornal Nacional e twitta durante e depois do BBB? Talvez quando as coisas começarem a bater diretamente na vida desses jovens, algo mude. Acho que é uma coisa cultural do brasileiro, falta patriotismo e preocupação com o próprio país. O Lula mudou um pouco isso, mas ainda falta, os brasileiros deveriam se espelhar mais nele!

Fonte: !ObaOba

Nenhum comentário: