domingo, 4 de setembro de 2011

Ele pegou o jeito

Revelado como o "repórter inexperiente" do CQC, Danilo Gentili mostra humor afiado no Agora é tarde, que até pode ganhar mais um dia da semana, na Band

"Não estamos copiando o Programa do Jô, mas, sim, um gênero que foi inventado por David Letterman e muito usado na TV a cabo."

Embora camiseta e calça jeans sejam roupas de moleque, o humorista Danilo Gentili fica bem mais sóbrio e tranquilo longe do terno do CQC. Ainda que uma áurea de menino o acompanhe independentemente de suas roupas. Após dois anos tentando persuadir a direção da Bandeirantes para ter um programa no estilo late night, o repórter inexperiente mostra que se tornou um entrevistador-piadista em Agora é tarde.

E parece que Gentili vem agradando ao público. A atração, que batalha pela audiência com o reality show A fazenda e o remake da novela O astro (Globo), vem marcando média de 4 pontos de audiência, índice satisfatório para a meia-noite – e para a emissora. O Agora é tarde vai ao ar terça e quinta-feira, às 23h50, na Band, com possibilidade de ganhar mais uma edição, nas noites de quarta-feira.

O apresentador chegou à sede da Band por volta das 14h30 de quinta-feira. Lá coloca “uns pós na cara”, como ele mesmo se refere à maquiagem, e veste calça e camisa social. Segue para a reunião de pauta com Marcelo Mansfield, Murilo Couto, Leo Lins e os músicos do Ultraje a Rigor, sua banda do programa, além de alguns roteiristas.

BAIXARIA? Diego Barredo, gerente de conteúdo da produtora Cuatro Cabezas, já avisa: “Aqui se fala muita besteira. Então, não liga se alguma piada fugir do controle, ok?” Mas como a equipe de roteiristas, elenco e Gentili já estavam devidamente alertados sobre a presença da reportagem, nenhuma piada de mau gosto foi feita. A convidada do programa era Andressa Soares, a Mulher Melancia. Por isso, comentários sobre bunda e sensualidade não faltaram.

Acostumados a tirar sarro entre si, Marcelo Mansfield brinca com Roger, vocalista do Ultraje a Rigor. “Bom que o Ultraje tem música para tudo que é baixaria”, diz Mansfield. O camarim é repleto de energético, lanches, salgados, chocolates, água e refrigerante. Mesmo surgindo muitas piadinhas de improviso, o roteiro não sofre grandes variações.

“Acho importante um bom roteiro. Nos programas gringos, vemos um monte de nomes de redatores. Aqui é o contrário. No Brasil, tem muito nome de produtor e poucos redatores. Como se isso fosse uma coisa ruim”, diz Gentili.

Para reforçar a tese, Diego Barredo acredita que é justamente o auxílio dos redatores que faz com que o telespectador fique à vontade com texto. “Encontramos um tipo de humor que funciona aqui no Brasil. Tem de ser uma mistura de ironia e timing. Uma coisa mais ácida, mais irônica”, diz ele.

“Já encontramos nosso espectador”, diz Gentili. “É um pessoal que migrou do CQC e já conhece o formato. Que sabe que não estamos copiando o Programa do Jô, mas, sim, um gênero que foi inventado por David Letterman e muito usado na TV a cabo.”

Para auxiliar na elaboração da atração, o apresentador passou uma semana em Nova York e integrou a plateia do Late Show, da rede americana CBS. “Fui, pois queria saber como a plateia respondia ao programa”, conta o humorista.

Enquanto Gentili bate o roteiro do programa, Mansfield interage com a plateia, fazendo uma breve apresentação de stand-up. Enquanto falava sobre assunto cotidianos, aproveitava para dar instruções ao público, como quando rir, o que fazer e o que evitar. “É bom para que a plateia veja que estamos à vontade, para que ela fique também à vontade”, diz.

Mansfield e seu afilhado Gentili – afinal, ele é padrinho do jovem humorista no stand-up – sempre combinam as intervenções que irão fazer no programa durante a preparação do roteiro em grupo. “Às vezes, surge uma piada que não estava programa. Por isso, Danilo tem de ficar atento. Basta um olhar para ele me dar uma deixa”, conta Mansfield.

Fonte: Uai!, com informações do Estado de Minas

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