quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

De volta à escola: Felipe Andreoli faz uma redação "Minhas Férias"


Quem vê Felipe Andreoli fazendo piadas, entrevistando celebridades e cobrindo jogos de futebol não pensa que ele começou sua carreira no Jornalismo puro e é um ótimo escritor. Nesta terça-feira, dia 17, ele publicou em seu blog pessoal o texto descritivo "Minhas Férias", relembrando as velhas redações da escola, após quinze anos formado no Ensino Médio. "A gente só sente falta quando não tem mais", lamentou.

Ele conta que passou os últimos dias em dois lugares incríveis: Tailândia e Turquia. "É muito bacana ter a oportunidade de descobrir 2 novas culturas num espaço curto de tempo, faz com que a gente descubra muito da personalidade do brasileiro também", escreveu. Ele comentou que os brasileiros são sempre os mais aparecidos e, por isso, muito criticados pelos estrangeiros, mas neste caso o "brazuca" era ele, fazendo piada para os outros turistas.

Andreoli também ressaltou a diferença entre os povos. "Na Tailândia as pessoas são muito sorridentes, simpáticas e te tratam bem o tempo todo. É quase chato de tão legais que eles são. Falam sempre em voz baixa, quase não dá pra ouvir, e falam de um jeito muito engraçado, esticando as vogais…AAAAAA. No fim eu já imitava os tailandeses, que se ligavam e caíam na risada", disse.

Por outro lado, os turcos não são de muito sorrisos. "Ficam te olhando profundamente, comecei até a achar que o CQC fazia sucesso lá… Mas que nada! Eles tavam era olhando pra minha mulher. Os caras são folgados mesmo! Não respeitavam nem quando viam que ela estava acompanhada", afirmou.

Por fim, a conclusão dele é "como é bom ser brasileiro". "E se é pra ficar com alguns defeitos, que sejam os nossos. O bom é saber que tem coisa que dá pra melhorar, e eu, um otimista, ou um tolo, ainda acredito em mudanças, para melhor".

Leia a íntegra do texto:

Minhas Férias

No colégio eu sempre fazia essa redação quando começava o ano, o que enchia o saco, mas agora, quinze anos depois de ter saído da escola, deu uma saudade danada de escrever essa redação. Mas a vida é assim, né? A gente só sente falta quando não tem mais.

Tive o privilégio de conhecer 2 novos países nessas férias: Tailândia e Turquia. Dois lugares lindos e disitintos. É muito bacana ter a oportunidade de descobrir 2 novas culturas num espaço curto de tempo, faz com que a gente descubra muito da personalidade do brasileiro também.
Nas minhas recentes viagens pra fora do Brasil sempre achei chato pra cacete encontrar meus conterrâneos. O brasileiro é sempre aquele que tá falando alto, gargalhando estridentemente, se intrometendo no assunto dos outros, chamando a atenção e a gringaida faz cara feia para umas atitudes bem Bra-sil-sil-sil!

Eu costumo ficar acanhado nessas situações. Ainda mais quando as pessoas me reconhecem, pedem foto e tudo mais. Sei que faz parte do meu trabalho, e é muito bacana o sucesso e o reconhecimento, mas quando tô de férias quero ser como todo mundo, só mais um no meio da multidão tirando foto e fazendo pose.

Nesse roteiro fiquei feliz em perceber que não tinha muito brasileiro na área. E com o passar dos dias vi que EU era o brazuca mala da trip. Um exemplo: fizemos um passeio de barco para e o cara sentado na minha frente passou mal pra baralho, quase gorfando com o balanço do barco. E o chatão aqui: E aí, man? Tá passando mal, né? Ta pagando seus pecados, né? Fiquei lá amolando o cara, que era meio bichinha-bichinha, e ficou puto da vida. Eu achei um máximo, e depois fiquei rachando o bico sozinho, em voz alta como bom brasileiro.

Na Tailândia as pessoas são muito sorridentes, simpáticas e te tratam bem o tempo todo. É quase chato de tão legais que eles são. Falam sempre em voz baixa, quase não dá pra ouvir, e falam de um jeito muito engraçado, esticando as vogais…AAAAAA. No fim eu já imitava os tailandeses, que se ligavam e caíam na risada.

Quando perguntei ao guia se era perigoso ele disse que não. Que os tailandeses não costuma roubar, assaltar. Pra tirar dinheiro de voce eles vão tentar te enganar, cobrar mais caro por um serviço, algo assim. Te roubar e assaltar, não. É muito louco. Bancoque tem ruas estreitas e escuras, mas pode ir na fé que não dá nada, pelo menos não deu. Porém teve um cara de um bar que falou que era 300 contos pra entrar, quando pisquei ele disse que era 500. Aí e já mandei: Qual é, irmão? Sou brasileiro, acha que vai me enganar. Ele riu e falou: Thailand Style…

Já na Turquia os caras não são de muitos sorrisos, ficam te olhando profundamente, comecei até a achar que o CQC fazia sucesso lá… Mas que nada! Eles tavam era olhando pra minha mulher. Os caras são folgados mesmo! Não respeitavam nem quando viam que ela estava acompanhada. Eu olhava feio pra eles e eles me miravam como se falassem: Parabéns, hein! Um deles teve as manhas de perguntar: É sua mulher? E eu: É!!! Ele: Cuidado, hein! Se não cuidar direito ela te larga…Pãtza que pariu! Mas foi bom pra exercer minha paciência e educação, mesmo porque olhando pras turcas não posso recriminar os caras. Mulher bonita lá, só as gringas…

Istambul é uma cidade linda, mistura de Rio e Barcelona, mas sem praia, e com um monte de mulher de burca, já que 99% da população é mulçumana. A cidade é o limite entre a Europa e a Ásia. É ridículo, porém muito emocionante, saber que voce passa uma ponte sai do velho continente e entra na Ásia. A comida então…Nossa mãe do céu, que delícia! Voltei das férias num estilo Ronaldo-Adriano de ser. Mas recupero antes deles, prometo. Num dos dias, pela primeira vez na vida, eu até repeti uma sobremesa, pedi duas! Baklava é o nome do doce, uma iguaria feita de massa folhada e pistache, sensacional.

Passei a viagem toda incógnito, no finzinho, quando esperávamos em um aeroporto um cara me perguntou, em inglês, se um vôo ja tinha saído, no sotaque já saquei que era brazuca. Falei: Cê é brasileiro, né? O cara: Sou!!! Ele não me reconheceu e ficamos lá conversando, lá pelas tanta ele me pergunta: Você conhece o Ralf? Eu pensei: o do Corinthians? E ele: o Ralf, do BBB 9! Ele é meu irmão!!! Foi muito demais participação dele…e blábláblá. Ali eu já sabia que o Brasil e suas particularidades me esperava.

No fim da trip percebi, quase sem querer, como é bom ser brasileiro, e que as pessoas do mundo todo acham demais ser brasileiro. Temos nossos defeitos, muitos deles por causa de nossa cultura, mas cada nacionalidade é de um jeito. E se é pra ficar com alguns defeitos, que sejam os nossos. O bom é saber que tem coisa que dá pra melhorar, e eu, um otimista, ou um tolo, ainda acredito em mudanças, para melhor.

Falei demais, ou escrevi demais, chega né?

Valeu, Felipe



Fontes: Blog do CQC/band.com.br e blog oficial do Felipe Andreoli

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