quarta-feira, 13 de abril de 2011

"O humor não deve ter limites", diz Rafinha Bastos


"Para mim, humor controlado não é humor, não tem graça", diz Rafinha

Nem Ronaldo, nem Luciano Huck, tampouco Barack Obama. Segundo o "The New York Times", a personalidade mais influente do Twitter é Rafinha Bastos.

O comediante de stand-up, conhecido por seus comentários ácidos e bem-humorados, é mesmo um fenômeno midiático.

Além de ter vídeos entre os mais visualizados no YouTube, Rafinha faz sucesso na TV com o "CQC" e "A Liga", ambos transmitidos pela Band, é o empreendedor por trás de um dos palcos mais disputados de São Paulo, o Comedians Club, especializado em humor, e agora também está nas prateleiras com o DVD "A Arte do Insulto", seu antigo show, que rodou o país por sete anos.

Em entrevista ao Metro Rio, Rafinha comenta o seu sucesso simultâneo em tantas frentes.

Como você está encarando a exposição na mídia, depois de ser eleito o homem mais influente do Twitter?
É muito bacana, principalmente, porque tudo isso é fruto da qualidade do meu trabalho. Nunca quis estar na mídia, mas se estou graças às minhas criações, é muito gratificante.

Qual é o segredo para fazer sucesso em diferentes mídias?
Isso é uma coisa que me deixa muito feliz. Há mais de dez anos, invisto em conteúdo para internet, apostei nesse meio. Tudo acredito na sinceridade do que faço. Tudo o que faço sou eu, não interpreto nada. Todas as minhas criações têm como inspiração minha própria vida. Acho que, por isso, independentemente da mídia e do formato, as pessoas se identificam.

Como foi o começo da sua carreira? Como você foi selecionado para o "CQC"?
Desde 2003, faço standup. Fui um dos precursores do formato no Brasil. Era um modelo americano e, no Brasil, começaram a surgir grupos no Rio e em São Paulo. Eu fazia parte do paulista. Como o formato é muito ágil e aborda o factual de forma irreverente, funcionou. E até hoje funciona. Mas no início, o público começou a aparecer pela internet. E, por conta desse meu trabalho na rede, fui chamado pelo Tas para fazer o "CQC".

Você gosta de ver TV? O que você acha do humor na TV atualmente?
Vejo muita TV. Quando fui fazer faculdade, escolhi fazer jornalismo por isso: sempre quis trabalhar com televisão. No entanto, nunca gostei muito do humor da TV. Sempre achei que esse humor não era direcionado para mim, nem para meus amigos e pessoas que vivem ao meu redor. É isso que eu exploro: fazer humor para pessoas parecidas comigo. Deu certo.

Você tem alguma influência no humor?
Não diria influência, mas sempre respeitei muito o pessoal do "Casseta e Planeta". Sei que minha geração só está aqui e consegue fazer o que faz porque antes esses caras conseguiram quebrar algumas barreiras e preconceitos. Sou muito fã da trajetória deles.

Para você, humor tem limite?
Tento não me barrar pelo tema. Eu me direciono somente pela graça. Se acho engraçado, eu falo. E acho que tem que ser assim, o alvo do humor não deve ter limite. Para mim, humor controlado não é humor, não tem graça.

Como surgiu essa mistura entre jornalismo e comédia que você explora tanto no "CQC" quanto em "A Liga"?
Acho muito interessante que haja esse cruzamento. O jornalismo, atualmente, é muito repetitivo, muito chato. As matérias são iguais, os modelos são os mesmos. Quase não vemos diferença entre os telejornais de duas emissoras, por exemplo. Por isso, acho essa mistura bastante produtiva. A partir dela, podemos abordar temas sérios de uma forma inusitada e até atrativa. Por exemplo, na atual temporada de "A Liga", vamos abordar temas que precisam ser debatidos, como o aborto e trabalho escravo, de uma forma mais participativa, de um ponto que ninguém explorou antes. Isso é fundamental para um debate mais produtivo.

E quanto às declarações do deputado Jair Bolsonaro no "CQC"? Qual a sua opinião sobre elas?
Sou sempre a favor da informação, por isso acho que ele deve ser exposto mesmo, afinal ele já foi eleito seis vezes. A população precisa saber que existe preconceito e existe racismo no Brasil, e ele está também no Congresso. Apesar de parecer o contrário, a liberdade de expressão é muito restrita no país. Não discutimos e negamos temas que são tabu. Pode ser até um choque para alguns, mas é saudável para a população. Bolsonaro precisa aparecer porque tem gente que vota nele.

Fonte: eBand

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