quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A censura ao humor e o Photoshop da vida real


Após a estreia dos programas eleitorais, entre eles a abertura do "Discovery Marina Channel", com a candidata verde estrelando uma paça futurista de efeitos especiais, finalmente deu para entender por que o humor político e sério foi amordaçado nesta eleição. Porque colocaria o dedo na ferida. Os programas dos candidatos são tão fictícios que a realidade sumiu. Tudo ficou de repente bom, reconfortante, para quem acredita nos seriados e nas novelas.

"O Brasil é um país exótico mesmo. Os políticos fazem humor e os humoristas fazem passeata", diz Marcelo Tas, do CQC, um dos atingidos por esse entulho da ditadura do Tribunal Superior eleitoral - que interpreta a sátira política como ameaça à democracia. "Olha só", afirma Tas com ironia, " estamos esperneando, mas nosso plano é absolutamente estúpido: uma passeata de protesto neste domingo em Copacabana!".

Tas, Marcelo Madureira e Helio de la Peña foram procurados pela CNN e pela BBC de Londres: "os cidadões dessas democracias têm muita dificuldade de entender", diz Tas. Um político que tem medo do ridículo não pode ser candidato a presidente. O humor humaniza o candidato, o aproxima do eleitor. Nós apostamos no erro, na casca da banana, no nariz torto. Quando se tira o erro, apaga-se o humano. Nossos candidatos se escondem deles mesmos." Políticos como Barack Obama e Nicolas Sarkozy muitas vezes se beneficiaram das caricaturas inteligentes e ácidas dos humoristas - volta e meia, subiam nas pesquisas logo após a transmissão dos programas.

Assistimos à campanha mais "photoshopada" e engessada da história brasileira. Tudo tem de ficar bonito, sorridente, raso, sem erro. O país está anestesiado, entorpecido. Não é só o humor que está em xeque, sob censura. Quem faz o papel de palhaço somos nós, os eleitores.

Fonte: CQC Information, com informações da Revista Época
Imagem: CQCs Blog

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